"Adotar medidas urgentes para combater as alterações climáticas e os seus impactos"
Na Amazônia, mulheres sentem primeiro os impactos das mudanças climáticas, mas também lideram as respostas. São guardiãs de saberes que protegem florestas, rios e vidas. Com criatividade e resiliência, plantam soluções para os desafios ambientais, transformando vulnerabilidade em força. Na voz e na ação dessas mulheres, a luta pelo equilíbrio do planeta ganha raízes profundas.
GUARDIÃS - por KA MIRANDA

Guardiãs é uma obra de Ka Miranda, artista preta, periférico e amazônida com mais de dez anos de atuação no graffiti, cuja trajetória é marcada por retratar temas que afetam sua região. Desde a infância, Ka demonstra sensibilidade para questões ambientais, tendo vencido um concurso de desenho na escola com a mensagem "Preservar para não faltar".
A obra ganha vida com uma composição vibrante e simbólica que exalta o protagonismo feminino amazônida na preservação do planeta. Ao centro, uma mulher indígena segura o globo terrestre em suas mãos, que reluz com esperança, representando a força ancestral e a responsabilidade compartilhada pela Terra. Ao redor, cenas impactantes mostram como lutas contra o desmatamento, a poluição dos rios e a seca, com destaque para uma mulher parda à esquerda, simboliza trabalhadores da coleta reciclável, associada ao boto nadando contra o lixo nos rios, e uma mulher negra à direita, com o chão rachado ao fundo, simbolizando os efeitos da seca.
Guardiãs combinam técnicas mista, com destaque para o spray e stencil, que dão à obra um estilo marcante e contemporâneo. As figuras femininas foram criadas com traços que remetem ao vetor, conferindo precisão e modernidade aos personagens, enquanto o uso de stencil adiciona texturas e detalhes únicos.
A escolha do papelão reciclado como suporte foi transformado para simular uma tela tradicional, unindo arte e sustentabilidade. Essa abordagem, além de fortalecer a conexão com a temática ambiental, demonstra a habilidade de Ka Miranda em integrar materiais reciclados ao processo criativo, evidenciando sua preocupação com o impacto ambiental e a valorização de recursos acessíveis.
A predominância do verde associa a criação ao ODS 13, expressando o chamado por ações globais e locais para proteger o planeta.
Guardiãs é mais do que uma obra de arte: é um manifesto sobre a importância da Amazônia e o papel das mulheres como guardiãs das florestas, águas e territórios em um planeta que clama por justiça ambiental.
Guardiãs e ODS 13 – Ações Contra a Mudança Global do Clima
A luta contra as mudanças climáticas é uma batalha que encontra nas vozes femininas uma força fundamental. Mulheres indígenas, negras e urbanas, protagonistas de uma resistência enraizada em sabedoria ancestral e conhecimento empírico, estão à frente de iniciativas ambientais que buscam reverter os danos causados pela poluição, queimadas e secas. Elas são guardiãs das florestas, das águas e da terra, e sua liderança é essencial nas políticas de adaptação às mudanças climáticas.
Na Amazônia, as mulheres indígenas carregam nas veias o conhecimento milenar de preservação da floresta, lutando contra a devastação e a exploração predatória. Enfrentam as queimadas que destroem seus territórios e ameaçam
sua cultura, mas também defendem soluções sustentáveis que protegem o meio ambiente e suas comunidades. Com sabedoria e determinação, elas se tornam porta-vozes da natureza, unindo suas forças para preservar o que é sagrado.
Mulheres negras, que sentem o peso histórico da desigualdade, sofrem de forma desproporcional os impactos da crise climática. Elas, no entanto, transformam essa realidade em ação, engajando-se em movimentos de justiça ambiental e combatendo a poluição que afeta suas comunidades. São vozes de resistência, onde a falta de infraestrutura agrava os efeitos das secas e inundações. Essas mulheres, com resiliência e coragem, apontam caminhos de justiça e equidade.
Nos centros urbanos, as mulheres também se destacam como líderes em iniciativas de reciclagem, redução de resíduos e preservação de espaços verdes, conscientes de que suas ações locais têm impacto global. Ao unirem esforços, tornam-se exemplos de que a luta contra as mudanças climáticas precisa de uma perspectiva inclusiva e diversa, onde a equidade de gênero e a justiça ambiental caminham lado a lado.
Essas mulheres são farois de esperança, mostrando ao mundo que um futuro mais sustentável só será possível com a inclusão de suas vozes. São as mãos que plantam, os pés que percorrem as trilhas da resistência e as vozes que clamam por um planeta mais justo e saudável para todas as gerações.
RAÍZES DA RESISTÊNCIA: VOZES FEMININAS DA AMAZÔNIA (QUADRÍPTICO) - por IRENY NUNES
